No capítulo 1 do livro Como e por que ler o romance brasileiro, Marisa Lajolo, a autora, se coloca em primeira pessoa, explicando porque consome esse tipo de literatura.
E a opinião dela é o exato oposto da minha:
Sou eu, Marisa Lajolo, professora titular de literatura na Unicamp. Antes de mais nada, porém, leitora fiel de romances. Finos ou grossos, com ou sem happy end, brasileiros e não brasileiros. Porém, muito mais os brasileiros. Afinal, os ingleses são ótimos, mas... são ingleses, for God's sake! Neles ninguém anda de jangada, faz oferendas a lemanjá nem beija de tirar o fôlego na esquina da avenida Ipiranga com a São João. (LAJOLO, 2004, p. 13)
Pois bem, eu não sou a Marisa Lajolo, ninguém se importa com o que eu falo e eu realmente não tenho 1/100 da importância e credibilidade que ela tem. Não sou nem professor titular de lugar nenhum. Mas vivo em 2012.
Parafraseando a intrigante senhora, já li bastante romance, mas não me considero fiel (hq é um gênero melhor, não tenho dúvidas) e não acho que os ingleses tenham como problema ser ingleses, pelo contrário, a maioria é universal e me fala melhor que qualquer sertão. Já romances brasileiros... Puta que pariu! como é ruim é ter que ler sobre jangada. Eu nunca andei de jangada. Nunca vi alguém andando de jangada. O Brazil pode ter sei lá quantas mil jangadas, com oferendas pra porras dos seres imaginários que quiserem, mas não me forcem a ler essas bostas.
Epifania: o meu problema com a literatura brazileira é que ela é brazileira. Tirando dois romances do Fernando Sabino e um do Randall Neto não há nada mais de brazileiro na minha estante. Tenho uns 30 gaúchos e mais de 300 de fora do Brazil. A proporção é clara.
E antes que venham as pedras no alvo errado, explico: com 29 anos, não sou bairrista radical, não é essa a questão. A questão é como dialogar com uma geração globalizada, que cresceu e vive em um mundo de contexto diferente, comendo sushi e tomando cerveja Budweiser (ou Guinness), assistindo campeonato de futebol europeu, vivendo em 2012, não em um mundo pré-moderno que já acabou faz tempo.
Livro de jangada não nos diz nada!