sexta-feira, 3 de maio de 2013

Revenge

Em tempos de Taylor Swift, Jonas Brothers e vários outros artistas de plástico, que cantam com sorriso no rosto sobre temas amenos - mais inofensivos que uma borboleta cor de rosa, é bom lembrar de quando cantores não tinham assessoria de imprensa e podiam ser perigosos, ou no mínimo humanos.





Mas, enquanto houver força em meu peito
Eu nao quero mais nada
Só vingança, vingança, vingança
Aos santos clamar
Ela há de rolar como as pedras
Que rolam na estrada
Sem ter nunca um cantinho de seu
Pra poder descansar






How does it feel
How does it feel
To be on your own
With no direction home
Like a complete unknown
Like a rolling stone?




Lupicínio Rodrigues (1914-1974) escreveu Vingança em 1951.
Like a Rolling Stone, de Robert Allen Zimmerman (1941), foi lançada em 1965.

Não acredito que um tenha escutado o trabalho do outro, no máximo alguém mostrou Vingança para o Bob Dylan muito tempo depois. A coincidência é produto da temática universal das duas canções e da genialidade dos dois compositores, lendo bem o seu tempo.

Nós apreciamos, vingados.



PS: Ainda tem gente que faz música sobre retribuir o tapa, as coisas não estão tão ruins.


PPS: E o sistema segue na luta pra incorporar todas as manifestações perigosas e transformar em algo palatável para o grande público. Aqui temos o negão cantando "fuck you!" transformado em loirinha que nunca desafinou na vida (com autotune) cantando "forget you". É foda!


Um comentário:

  1. Baita post. Grande Lupicínio, Grande Bob (assim, com maiúscula no "Grande", independente de início de frase). E essa amenização do "Fuck you" é ridícula, mesmo, mas vindo de onde vem não surpreende.

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